Maio 03, 2017
Conheça a história da Farfetch, a única startup unicórnio portuguesa, e como esta empresa garante a ligação entre o mundo físico e virtual, numa experiência omnichannel.
TweetA única startup unicórnio portuguesa, avaliada em mais de mil milhões de dólares, apresentou, em Março de 2017, a Loja do Futuro. Descubra como a Farfetch, uma empresa de eCommerce de moda de luxo, garante a integração entre o mundo físico e o digital, sendo exemplo para empresas de todos os setores.
Em Outubro de 2007, José Neves, fundador e CEO da Farfetch, tinha duas empresas de setores distintos: uma de programação e outra de calçado. Durante uma feira de moda em Paris, o português percebe que as únicas marcas que conseguiam ter bons resultados de vendas eram as que se apresentavam com canais de venda online. Assim, surgiu o momento “Eureka!”. “Se conseguíssemos colocar todas essas lojas com peças de luxo numa plataforma virtual, daríamos ao consumidor o lado emocional de viajar no mundo da moda”, conta o fundador da Farfetch.
Um ano depois, nasce a Farfetch. A ideia é aparentemente simples – trata-se de criar uma ponte online entre consumidores e lojas, independentemente da sua localização. Por exemplo, o cliente em Lisboa pode comprar, facilmente, uma peça de roupa de luxo em Hong Kong e receber a encomenda em sua casa. A Farfetch trata de todo o processo.
Atualmente a Farfetch envia globalmente produtos de moda de mais de 750 designers e boutiques parceiras da plataforma, para mais de 170 países.
A empresa divide as marcas de moda do site em duas categorias de compras: LUXE, que são as marcas de luxo que oferecem produtos high-end e marcas LAB, que incluem marcas emergentes e experimentais. Um terceiro departamento (contemporâneo), com as peças mais casuais e de dia-a-dia, foi consolidado dentro da categoria LAB, para tornar a navegação do site mais fácil e intuitiva para o consumidor.
As maiores vendas da Farfetch vêm de marcas de luxo como Valentino, Saint Laurent, Givenchy e Comme des Garçons, mas designers emergentes e menos conhecidos são a chave diferenciadora da empresa. De acordo com Stephanie Horton, Diretora de Marketing da Farfetch, o posicionamento da Farfetch está sempre à frente devido a diversidade de produtos, que “ajuda a Farfetch a atingir um número amplo e diversificado de consumidores."
Além do website, a Farfetch tem também uma app compatível com iPhone e Android, a “Farfetch Discover” que permite aos consumidores comprar peças de luxo através do smartphone, bem como aceder a “guias de viagem para algumas das cidades mais elegantes e cosmopolitas do mundo, como Nova Iorque, Paris, Milão, Roma ou Los Angeles”.
Apesar da tendência positiva das vendas de marcas de luxo através de plataformas de E-Commerce, ainda só 7% dessas compras são feitas online, valor que deverá atingir os 25% em 2025. No entanto, apesar do crescimento, atualmente a maioria das vendas deste setor ainda são feitas nas lojas físicas.
Para contornar este desafio, a Farfetch irá abrir a primeira ”Loja do Futuro” no final de 2017, tendo escolhido a icónica Browns, em Londres, como primeira localização. Esta loja irá misturar o mundo online com o mundo offline, oferecendo uma experiência de compra personalizada, com base na recolha de dados sobre os clientes. Segundo a Farfetch, a “Loja do Futuro” pretende “demonstrar como a tecnologia pode ser perfeitamente entrelaçada na experiência do cliente, oferecendo uma vantagem competitiva para retalhistas e marcas”.
A "Loja do Futuro" foi construída segundo três princípios:
Para conseguir este último princípio, o software da Farfetch contempla um login universal, que permite que um espelho digital vá buscar a informação à base de dados online e mostre peças da lista de compras da conta de um determinado cliente. Também será possível, através de cookies offline, saber muito mais sobre o consumidor, como quanto tempo estiveram na loja, quais as peças que experimentaram ou quais os métodos de pagamentos preferidos, fechando a círculo entre o mundo online e offline e criando “uma verdadeira visualização única do cliente”.
Com recurso a tecnologia RFID, a Farfetch consegue detetar quando um cliente se aproxima e toca numa peça. Pode, depois, fazer com que essa peça seja acrescentada a uma lista personalizada na conta online do cliente ou levada para os provadores. Será também possível fazer o pagamento no meio da loja, através do telemóvel.
Outra inovação apresentada pela empresa, na mesma conferência em que apresentou a “Loja do Futuro”, foi o “Store to Door in 90 Minutes”, que vai permitir comprar peças selecionadas da marca Gucci, através do website ou da app, e receber as encomendas em 90 minutos em Londres, Nova Iorque, Dubai, Los Angeles, Madrid, Milão, Paris, São Paulo, Miami e Tóquio.
A plataforma de comércio eletrónico vende para 190 países e tem escritórios em Londres, Porto, Guimarães, Lisboa, Nova Iorque, Los Angeles, São Paulo, Tóquio, Hong Kong, Shanghai e Moscovo, com uma equipa de quase 1.500 colaboradores. Embora a sede da empresa de localize em Londres, é em Matosinhos que está toda a equipa de desenvolvimento, serviços financeiros e gestores de contas das lojas associadas, bem como parte do serviço ao cliente. Todas as peças disponíveis no site são fotografadas e catalogadas noutro edifício da empresa, em Guimarães. Em 2016, segundo dados divulgados pela empresa, a Farfetch cresceu 70% e fechou o ano com vendas brutas de 800 milhões de dólares, registando cerca de 10 milhões de visitas ao site por mês, com os clientes a gastarem, em média, 700 dólares por pedido.
A empresa é a única em Portugal a ser considerada unicórnio, uma denominação para as startups avaliadas em mais de mil milhões de dólares. Para isso terão contribuído os mais de 300 milhões de dólares (270 milhões de euros) angariados em seis rondas de investimento.
Escrito por:
Openlimits